17 de março de 2011

BP FAZ ACORDO PARA COMPRAR CNAA DE CAMPINA VERDE


A BP Biofuels do Brasil, braço de energia renovável da petrolífera britânica British Petroleum (BP), anunciou no último dia 11 um acordo para adquirir 83% da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), produtora brasileira de etanol, por US$ 680 milhões. A compra de 83% da CNAA significa uma mudança de estratégia da BP, que buscava o “controle compartilhado”, com até 50% do capital das usinas.
Esta é a segunda aquisição de usinas de etanol de cana-de-açúcar pela BP em território brasileiro e a maior já realizada pela empresa britânica em energia renovável. A BP já possui 50% da Usina Tropical BioEnergia, localizada em Goiás, desde 2008. Com isso, se tornou a primeira petrolífera a entrar no negócio de etanol de cana.
Além dos US$ 680 milhões, a BP irá assumir toda a dívida de longo prazo da CNAA, que será refinanciada. A CNNA possui as usinas Itumbiara, em Goiás, e a Ituiutaba Bioenergia, em Minas Gerais, além do empreendimento em desenvolvimento em Campina Verde. Ela foi formada em 2007 a partir de uma associação entre o grupo Santelisa Vale (hoje incorporada pela Louis Dreyfus Commodities) e um conjunto de fundos de investimentos estrangeiros, entre eles o Riverstone, do Carlyle Group, além do Goldman Sachs, Global Foods e Discovery Capital. O Riverstone é um dos principais fundos especializados em energia do mundo e administra uma carteira com recursos superiores a US$ 15 bilhões.
A venda foi necessária depois de os investidores iniciais da CNAA terem se surpreendido com a crise financeira, o que tornou inviável a manutenção dos aportes ainda necessários nas usinas, cujo retorno mostrou-se ser de maior longo prazo que o esperado inicialmente.
Ao ser concluída a transação, a BP assume o controle das duas usinas de açúcar e álcool em Itumbiara  e Ituiutaba e também da terceira unidade que está sendo construída em Campina Verde.
A meta é triplicar a capacidade de moagem – de 5 milhões para 15 milhões de toneladas de cana-de-açúcar -, o que permitirá a produção anual de 1,4 bilhão de litros de etanol. “Vamos buscar fazer isso no menor tempo possível”, afirmou Mario Lindenhayn, presidente no Brasil da divisão de biocombustíveis da BP, durante teleconferência com jornalistas.
A meta leva em conta o início das operações em Campina Verde, além de um plano de dobrar no futuro a capacidade de moagem das três usinas – para 5 milhões de toneladas cada uma.
Durante teleconferência com jornalistas, Lindenhayn evitou estabelecer prazos para os projetos, assim como não detalhou os investimentos necessários para o grupo atingir sua meta de estar entre os maiores produtores de etanol no Brasil em um prazo de 10 anos.
Segundo ele, a estratégia de distribuição no país estará centrada no mercado doméstico, embora existam planos de também explorar oportunidades de suprimento no exterior.
Conforme Lindenhayn, a BP passou a se interessar pelos ativos da CNAA há cerca de um ano, mas as negociações só começaram durante o segundo semestre de 2010. A aquisição é a maior da BP no campo de energias alternativas, setor em que o grupo investiu US$ 1,5 bilhão de 2006 a 2010.
No Brasil, a companhia pretende manter sua participação de 50% na usina Tropical, em Edéia (GO), onde tem como sócios a Dreyfus e a Brasil Ecodiesel – que dividem a metade do capital remanescente. “É um excelente ativo e continuamos apoiando o crescimento desse ativo”, assinalou Lindenhayn.
Segundo estimativas da BP, a produção mundial de biocombustíveis vai mais do que triplicar em 20 anos, chegando a 6,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia. O grupo acredita que os biocombustíveis morderão 40% do aumento na demanda global por combustíveis para transporte rodoviário.
 * Eneir Manna

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